Novas pesquisas sugerem que o que cremos ser escolhas conscientes são decisões automáticas tomadas pelo cérebro. O homem não seria, assim, mais do que um computador de carne.
cérebro (Thinkstock/VEJA) |
Saber se os homens são capazes de fazer escolhas e eleger o seu
caminho, ou se não passam de joguetes de alguma força misteriosa, tem
sido há séculos um dos grandes temas da filosofia e da religião. De
certa maneira, a primeira tese saiu vencedora no mundo moderno. Vivemos
no mundo de Cássio, um dos personagens da tragédia Júlio César,
de William Shakespeare. No começo da peça, o nobre Brutus teme que o
povo aceite César como rei, o que poria fim à República, o regime
adotado por Roma desde tempos imemoriais. Ele hesita, não sabe o que
fazer. É quando Cássio procura induzi-lo à ação. Seu discurso contém a
mais célebre defesa do livre-arbítrio encontrada nos livros. “Há
momentos”, diz ele, “em que os homens são donos de seu fado. Não é dos
astros, caro Brutus, a culpa, mas de nós mesmos, se nos rebaixamos ao
papel de instrumentos.”
Como nem sempre é o caso com os temas filosóficos, a crença no
livre-arbítrio tem reflexos bastante concretos no “mundo real”. A
maneira como a lei atribui responsabilidade às pessoas ou pune
criminosos, por exemplo, depende da ideia de que somos livres para tomar
decisões, e portanto devemos responder por elas. Mas a vitória do
livre-arbítrio nunca foi completa. Nunca deixaram de existir aqueles que
acreditam que o destino está escrito nas estrelas, é ditado por Deus,
pelos instintos, ou pelos condicionamentos sociais. Recentemente, o
exército dos deterministas – para usar uma palavra que os engloba –
ganhou um reforço de peso: o dos neurocientistas. Eles são enfáticos: o
livre-arbítrio não é mais que uma ilusão. E dizem isso munidos de um
vasto arsenal de dados, colhidos por meio de testes que monitoram o
cérebro em tempo real. O que muda se de fato for assim? Continuar lendo.
Contribuição: D.M.
Fonte: veja.com
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